sábado, 16 de abril de 2011

So distant

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Copos transparentes são sim os melhores
ao menos pra se beber a água;
cigarros não vão matar as horas mortas.
Eu era uma criança quando li Tabacaria.
16 anos, sim, mas muito verde, muito fruta, muito tonta
descobri-o no caderno 2 de um jornal
(aquela parte que meu pai sempre ignorava)
lê-lo com ou para os amigos foi frustrante:
todos o tinham visto na aula de literatura
tão diferente, tão outro poema, tão outra coisa / so distant.
Ah, sim, claro, Tabacaria,
o clássico poema de Pessoa
o mais famoso
o que todos costumam conhecer e citar e ler e tudo o mais
(não por outro motivo estaria no jornal).
Que experiência triste.
Os copos transparentes ou muito transparentes
tem algo de mais
tem algo de mágico de místico / poético
permitir ver a transparência dentro da transparência
permitir a visão inteira
o todo do copo / o todo interior do copo
o todo do líquido / o tudo que está contido no líquido
          e é tudo tão nada
          tão água
tão aparentemente vazio e nada e só
é como quando leio um livro ou escuto uma canção
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 o que resta, depois de tudo?

O que tem detrás da janela?

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Charada que encerra Os Detetives Selvagens, de Roberto Bolaño. Não consigo pensar numa resposta.